segunda-feira, 21 de março de 2011

Japão registra primeira contaminação de alimentos por radiação

O governo japonês registrou neste sábado, pela primeira vez desde a crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi, radiação acima do recomendado em leite e espinafre nas províncias de Fukushima e Ibaraki.
Segundo o secretário de Gabinete do Japão, Yukio Edano, a radiação estava acima do padrão estabelecido pelo governo, mas não impunha risco imediato à saúde humana. Ele não detalhou de quanto foi a radiação encontrada.

Japoneses fazem fila para comprar um dos primeiros suprimentos de legumes frescos em Sendai
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que a contaminação é de iodo radioativo e que o governo japonês interrompeu a venda destes produtos.
A agência da ONU disse ainda que há sim risco à saúde humana, caso os alimentos sejam consumidos. "Apesar do iodo radioativo ter uma vida curta de cerca de oito dias e se dissipar naturalmente em uma questão de semanas, há um risco de curto-prazo para a saúde humana se o iodo radioativo na comida for absorvido pelo corpo humano".
Nesta semana, a União Europeia (UE) recomendou aos países do bloco que façam um maior controle de radioatividade nos alimentos importados do Japão.

Os controles são voluntários, mas, no caso haja constatação de níveis de contaminação radioativa acima do teto autorizado, os países do bloco estão obrigados a informar a Bruxelas. A UE importou 9.000 toneladas de frutas e verduras em 2010, além de alguns tipos de pescado.
Especialistas temem as consequências da contaminação do solo e águas com o material radioativo lançado ao ar pela usina nuclear. O material pode efetivamente contaminar os alimentos, entrando na cadeia alimentar da população, o que causaria um risco ao longo de semanas e mesmo meses aos japoneses.
O leite de vaca é especialmente vulnerável, segundo especialistas, caso os animais entrem em contato com o pasto contaminado. O produto é muito consumido pelo homem, não só em sua forma natural, mas como ingrediente de vários alimentos processados.
ESTÁVEL
Neste sábado, as autoridades continuam lançando água para reduzir a temperatura dos reatores de Fukushima Daiichi e conter um vazamento massivo de material radioativo. Os bombeiros devem lançar 1,260 toneladas de água no reator. A operação, segundo a agência de notícias Kyodo, deve durar sete horas.
Edano disse que as condições no reator 3 ficaram relativamente estáveis depois que bombeiros lançaram 60 toneladas de água em uma piscina fervente que abriga combustível nuclear usado. A operação foi realizada pouco depois da 0h (12h de sexta-feira em Brasília), do lado de fora do prédio que abriga o reator.
"Nós estamos tentando deixar as coisas sob controle, mas estamos em uma situação imprevisível ainda", disse Edano.
O objetivo primário é impedir qualquer vazamento massivo de materiais radioativos da piscina que abriga o combustível usado para o ar. O aumento da temperatura da água desta piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a água se dissipe e exponha as varetas de combustível nuclear usado. Sem o líquido, que as isola do exterior, elas ficam então suscetíveis às altas temperaturas e podem derreter. No pior dos cenários, podem liberar material altamente radioativo.
Edano disse ainda que os bombeiros preparam a mesma operação para o reator 4.
Já nos reatores 5 e 6, as equipes conseguiram manter a temperatura baixa usando apenas um sistema de circulação de água nas piscinas, já que um dos geradores de emergência foi restaurado neste sábado. Com o religamento, a temperatura caiu de 68,8°C para 67,6°C, em quatro horas.
O ministro de Defesa, Toshimi Kitazawa, disse separadamente que a temperatura de superfície nos reatores 1 e 4 estavam a 100ºC ou menos na manhã deste sábado (noite de sexta em Brasília) e que a condição em ambos está mais estável do que o esperado.
Ele foi instruído pelo premiê Naoto Kan a monitorar os arredores da usina nuclear.
Já a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., conseguiu conectar os cabos de energia aos prédios dos reatores 1 e 2. A ideia é fazer uma checagem dos equipamentos e ligar os cabos na manhã de domingo (noite de sábado em Brasília).
A restauração da energia elétrica pe crucial para que o sistema de resfriamento, danificado pelo terremoto, volte a ser ligado --o que facilitará a manutenção da temperatura nos reatores.

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