sexta-feira, 27 de maio de 2011

RGR/Código Florestal

Pessoal, hoje resolvi interromper nossas conversas sobre a qualidade dos alimentos para chamar a atenção de todos para dois temas de grande importância para todos nós, primeiro como brasileiros e segundo como trabalhadores de frigoríficos...Primeiro quero falar da RGR:
Razões para Rejeitar a RGR

Em breve o Congresso terá que avaliar se aprova a prorrogação do encargo RGR promovida por meio da Medida Provisória 517 em seu artigo 16. Ao contrário do que quer o governo, este encargo que pesa sobre a conta de luz do consumidor brasileiro não deve ser prorrogado por três motivos: onera o consumidor de energia, é desnecessário, e prejudica a economia.

Tributos e encargos respondem por mais de 45% da conta de luz, tornando a energia elétrica um dos produtos mais tributados na economia brasileira. Mas o Congresso dispõe de uma oportunidade ímpar para reduzir a tributação da energia elétrica por meio da extinção da cobrança da RGR.
Mas para isso é preciso que cada um de nós precione os senadores para que votem corretamente a favor da extinção dessa maldita RGR, conto com o apoio de vocês, pq sabem que aqui no Brasil tudo precisa de um empurrãozinho.

Passemos ao Código Florestal: muito me admira que agora as pessoas que desbravaram o interior deste Brasil sejam taxadas de desmatadores ilegais, quando ninguém queria enfrentar as agruras do tempo e as dificuldades da falta de estrada, energia, telefone e tudo o resto, muitas pessoas vieram para MT, RO, entre outros estados e agora simplesmente terão de devolver tudo ao governo, diversos estudos já comprovaram que é possível continuar avançando nas questões agrárias com tecnologia e desmatamento sustentável, então porquê não optarmos por este caminho ??? vejam que as pessoas que defendem a reprovação do código não possuem um palmo de terra e portanto nem sabem como é produzir a mesma, fora os ambientalistas estrangeiros que estão dando pitaco em nosso território a custas de ONGs que não querendo generalizar muitas estão envolvidas em desvio de dinheiro público, quando não, comprando floresta na amazônia para vender a preço de ouro para estrangeiros sabe-se lá fazer o que...enfim, é outro ponto que conto com o apoio e pressão de vocês junto aos senadores que elegemos para que aprovem logo esse código tão importante para o Brasil. Muito me admira que a aprovação do salário dos parlamentares pouco se discutiu e o código se arrasta pelo congresso a meses...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Impactos da mídia sobre bem-estar animal x demanda de carnes

Por Camila Raineri (MyPoint) e Augusto Hauber Gameiro (MyPoint)

Este mês optamos por discutir o trabalho "Impacts of Animal Well-Being and Welfare Media on Meat Demand", realizado por dois pesquisadores norte-americanos e publicado no final de 2010 no periódico "Journal of Agricultural Economics". O objetivo da pesquisa foi averiguar como as informações sobre bem-estar animal (BEA) fornecidas pela imprensa impactam a demanda por carnes bovina, suína e de aves, nos Estados Unidos.

Apesar de não tratar especificamente da demanda por carne ovina ou caprina, acreditamos que os resultados do trabalho sejam interessantes por dois motivos principais:

a.Grande parcela dos criadores e técnicos que atuam na caprinocultura e ovinocultura também atuam com outras espécies,
b.Os autores observaram que os efeitos das notícias não se restringem à demanda pela carne de cada uma das espécies abordadas nas reportagens, de forma individual.

A pesquisa foi motivada pelo rápido crescimento das preocupações com o bem-estar dos animais de criação, associado à pressão da imprensa sobre o assunto. Muitos estudos vêm considerando a atenção da mídia como fator influenciador de demandas, o que parece bastante apropriado já que a maior parte dos consumidores recebe muitas informações sobre a produção de alimentos através dos jornais e televisão. Desta forma, os autores acharam prudente estudar a forma como a cobertura da mídia sobre o manejo e condições de criação dos animais afeta a demanda por carnes nos EUA. As questões abordadas no trabalho foram:

a.A cobertura da imprensa causa aumento/diminuição da demanda por carnes?
b.A cobertura da imprensa tem efeitos cruzados entre as espécies (por exemplo, de que forma notícias sobre o BEA de suínos afeta a demanda por carne bovina)?

Os resultados sugerem que a atenção da mídia sobre o bem-estar animal possui um efeito pequeno, porém significativo sobre a demanda por carnes. As carnes suína e de aves possuem suas demandas reduzidas a longo prazo, enquanto a carne bovina não é diretamente impactada.

Um dado muito importante é que o consumidor que deixa de comprar um tipo de carne não tem sua demanda realocada para a carne de outra espécie. Não há um efeito de substituição entre carnes competidoras, e toda a indústria é prejudicada.

Os autores afirmam que os consumidores norte-americanos estão cada vez mais interessados nas práticas utilizadas na produção animal moderna, principalmente no que diz respeito a saber se os animais são tratados de forma "amigável" ou "humana". Bons exemplos disso são as iniciativas do público para banir gaiolas de gestação na produção de suínos na Flórida, Arizona e California. Também as redes varejistas (como o McDonald's, Burger King e Chipotle) estão expandindo suas parcelas de alimentos vindos de fontes "livres de gaiolas" ou de "manejo humanitário", em parte devido a grupos de consumidores preocupados com o manejo dos animais.

Outro aspecto citado no estudo, muito importante principalmente para os envolvidos na produção de alimentos, relaciona-se à fonte das informações que chegam ao consumidor. Os autores ressaltam que o público está formando sua opinião e percepção do que é "qualidade" sob influência de fontes "externas". Isso ocorre já que muito pouca informação está presente nas embalagens dos produtos cárneos, principalmente no tocante ao tratamento dispensado aos animais. Esta falta de informação aumenta o impacto da mídia sobre o consumo, já que representa uma fonte acessível de informações. Por este motivo, a imprensa possui um papel importante na formação de opinião e na demanda por carnes, principalmente no que diz respeito às preocupações com o manejo e condições de criação dos animais.

As conclusões do estudo foram que a cobertura da imprensa sobre questões relacionadas ao bem-estar dos animais:

a.Reduziu a demanda por carne suína e de aves;
b.Realocou a demanda para produtos não-cárneos, ao invés de acirrar a competição entre carnes de diferentes espécies.

Os autores levantam a possibilidade de que muitos dos consumidores podem não ser responsivos à questão do bem-estar animal por receberem informações conflitantes sobre o assunto, positivas e negativas, que acabariam por cancelar uma à outra. Assim, haveria espaço para aumento da demanda por carnes através de maior atenção a aspectos positivos de sistemas de criação, o que caberia principalmente aos produtores e indústria, principalmente através da publicidade sobre o banimento de práticas agressivas.

É ressaltado também que os efeitos da presença do BEA na mídia sobre a demanda são significativos, porém inferiores a efeitos de preço, por exemplo. Outra observação é que embora a resposta ao tema seja relativamente pequeno, a quantidade de artigos sobre as práticas de criação de animais destinados ao abate tem aumentado drasticamente nos últimos anos.

O estudo citado pode servir como dica de diferenciação para as carnes caprina e ovina no Brasil. A distância entre o produtor e o varejo parece ser menor nestas indústrias do que na de carne bovina ou de aves, por exemplo. Isto poderia facilitar a comunicação ao consumidor sobre a não utilização de técnicas agressivas, ou a esclarecer mitos sobre a produção. Além disso, como estas são cadeias que ainda estão em fase de organização, há uma oportunidade real para já se iniciar dispensando atenção à questão do bem-estar dos animais, e ao marketing que pode ser realizado sobre o assunto.

Artigo citado:

TONSOR, G.T.; OLYNK, N.J. Impacts of Animal Well-Being and Welfare Media on Meat Demand. Journal of Agricultural Economics, Vol. 62, No. 1, 2011, 59-72