terça-feira, 2 de julho de 2013
Embalagens ativas e inteligentes - o futuro
Alistair Irvine, principal consultor em segurança de alimentos para embalagens da Smithers Pira, do Reino Unido, abordou em sua paletra as embalagens ativas e inteligentes e seu futuro.
A Smithers Pira é uma empresa especializada em consultoria para pesquisas de mercado e de caráter técnico para a cadeia de embalagens, nasceu em 1930 como PIRA - Printing Industry Research Association, uma associação voltada a pesquisas para a área de impressão, e hoje pertence integralmente ao The Smithers Group, com sede em Ohio, Estados Unidos.
Iniciou Alistair relacionando os fatores mais comuns para prolongar a vida de prateleira dos alimentos: pH, teor de açúcar, teor de sal, teor alcoólico, escolha dos ingredientes, conservantes etc; condições de processamento, como tempo e temperatura; manuseio, boa higiene e HACCP. Já em relação a embalagens, os fatores importantes são o manuseio com boa higiene, prevenir a deterioração por oxidação, reter a umidade, vedar para evitar a entrada de oxigênio e de microrganismos, e optar por embalagens com enchimento asséptico ou com atmosfera modificada. O pesquisador alertou que “é preciso ter um equilíbrio entre tratamento térmico do processamento versus a escolha de ingredientes, bem como da embalagem. É mais fácil ter produtos de longa validade quando é possível processar a alta temperatura e/ou com presença de sal e/ou açúcar. As condições de processamento podem alterar as propriedades dos alimentos, mas às vezes isso não é indesejável. Embalagem e produto são duas peças-chave da imagem da marca”.
Embalagem com atmosfera modificada – MAP significa alimentos embalados sob uma atmosfera que contenha diferentes proporções de gases. O objetivo é prolongar a vida dos alimentos, preservando ao máximo as propriedades naturais do alimento, ao invés de usar conservantes ou usar outras abordagens tradicionais. É preciso saber muito sobre a química dos alimentos para fazer bom uso do MAP, de modo que o exemplo de MAP dado na palestra é apenas um exemplo, e não uma solução universal. Esse método é altamente dependente dos materiais disponíveis e, portanto, requer uma estreita cooperação com fornecedores de embalagens. Alguns requisitos para MAP são: boas propriedades de barreira dos materiais de embalagem (alta barreira ao O2 e água) para garantir a manutenção do teor otimizado de gás, uso de filmes multicamadas ou de materiais rígidos que contêm camadas de barreira de EVOH, nylon, PVdC etc, e por fim, vedação hermética para garantir a integridade da embalagem. Embalagens dificilmente oferecem barreiras perfeitas, mas o uso de embalagens ativas e inteligentes podem ajudar a estender a validade.
Alistair deu um exemplo de MAP para carne e peixe fresco, onde o alto nível de CO2 pode ser inibidor eficazes de crescimento de bactérias e de fungos. Neste caso, uma atmosfera típica para carne seria 70% de nitrogênio e 30% de dióxido de carbono (opcionalmente 0,4% de monóxido de carbono pode ser adicionado para manter a cor vermelha).
Vale observar que embalagens ativas são definidas como “qualquer sistema de embalagem que realiza uma função ativa além das características que o produto teria; propositadamente interagindo com os conteúdos para proporcionar melhorias em termos de qualidade, prazo de validade, a segurança e/ou a usabilidade”, enquanto embalagem inteligente é um sistema de embalagem que monitora, indica ou testa informações sobre a qualidade propriamente dita, ou condições ambientais que afetam a qualidade do produto, seu prazo de validade ou sua segurança, como por exemplo, indicadores de frescor ou de temperatura”.
Ele mostrou que as embalagens ativas podem ser atingidas por dois caminhos básicos. o primeiro é a remoção de substâncias indesejáveis de uma embalagem e /ou dos alimentos (por exemplo, a captura de oxigênio, remoção de etileno de frutas, utilização de grânulos de carvão ativado como desodorizante etc.). O segundo é a migração de substâncias da embalagem para os alimentos, como por exemplo, compostos antibacterianos, ou emissão de álcool para suprimir mofos. Há também um caminho “híbrido”, mediante a utilização de substâncias reguladoras de umidade, que podem aumentar ou reduzir o teor da umidade do alimento.
Alistair relacionou os drivers sob o ponto de vista do varejista para o uso de embalagens ativas ou inteligentes: maior validade, menor desperdício, diferenciação do produto, melhoria da qualidade e da segurança dos alimentos, amadurecimento controlado de frutas permitindo deixá-las no ponto para consumo, além de permitir a distribuição em cadeias de distribuição mais longas. Do ponto de vista do consumidor os drivers são: melhor aparência do produto, sabores mais naturais, teor de sal e açúcar mais reduzidos, maior tempo de vida após a compra. Fatores que se contrapõem: o aumento do custo de embalagem e a morosidade que pode existir na aprovação legal, resistência do consumidor a desembolsar mais pelo produto, desejo de consumir alimentos de cadeias mais curtas e menos “industriais” e objeções ao uso de embalagem "excessiva”.
O FUTURO
Sobre o futuro, Alistair aposta que as categorias de produtos onde o uso de embalagens A&I (ativas e inteligentes) serão fator chave são: carnes e aves, refeições prontas para consumo, alimentos frescos, bebidas e cervejas. “Ao longo dos próximos anos, a inovação será incremental em vez de revolucionária, pois os consumidores estão menos propensos a pagar um valor elevado para a novidade. É previsto que a regulamentação das embalagens A&I para a maioria dos países que a adotarem não deve ser uma barreira”. E finalizou ele com algumas reflexões: “Como transmitir e esclarecer os consumidores sobre os benefícios destas soluções? Como conseguir que os elementos ativos de uma embalagem sejam vistos como parte integrante do produto? Como conseguir o uso e aceitação, como por exemplo o que ocorreu com os absorvedores de oxigênio no Japão, onde com população de 25% da UE, se atingiu um mercado três vezes maior para esta embalagem ativa? As respostas a estas perguntas serão o que impulsionará o crescimento das embalagens A&I”.
Notícia publicada por: Ellen Lopes em seu blog direto da conferencia GFSI às 11:00
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